No seu primeiro e único lançamento até à data, os Simfonia Vetra / Симфония Ветра surpreendem-nos com um power metal sinfónico esplendoroso e original, concebido bem à sua maneira. Este maravilhoso trabalho surge como resultado da conjunção entre duas vertentes musicais de lados diferentes do mundo. Enquanto que a parte metálica é, obviamente, instrumentalmente influenciada pelo comum metal melódico ocidental, aquilo que envolve a instrumentação e eleva a música a outros patamares de excelência é a incorporação de elementos sinfónicos, de uma inspiração mais oriental.
Queremos, com isto, dizer que existe um casamento entre o metal que todos nós conhecemos e adoramos, com orquestração que parece inspirada nas epopeias de música clássica e romântica ucraniana. Influenciada, aparentemente, por grandes nomes do romantismo ucraniano, como Semen Hulak-Artemovsky ou Mykhailo Kalachevsky, tanto pelas secções mais melódicas e suaves das músicas, assim como pelos momentos de maior abrasividade orquestral. Esta sonoridade sinfónica, épica e arrebatadora, segue, de forma consistente e omnipresente, a instrumentação metálica, na sua totalidade, ao ponto em que parece adaptar-se à diversidade rítmica e sonora da mesma (ou será o oposto?).
Também de relevar o cristalino vocal de Alexander Palyushkevich. O seu cantar, na língua nativa, é carregado de uma emoção e de um entusiasmo bem próprio, que coexiste lindamente com toda a opulência instrumental aqui presente. Deste aglomerado sonoro, resulta uma familiarização do ouvinte a uma cultura musical diferente, num registo notavelmente ufano, triunfante e até mesmo com um teor amavelmente patriótico.
O título do álbum, que, em português, significa "encruzilhada de eras", é convertido em matéria artística e visível na ilustração da capa. Naquilo que parece ser um álbum concetual, verificamos mesmo uma coexistência, aparentemente pouco pacífica, entre humanos de períodos históricos distintos: por um lado, uma civilização mais futurista e tecnologicamente avançada, que contrasta com uma outra sociedade, mais medievalesca e guerreira, com uma estética nórdica e viking (certamente aludindo ao passado histórico viking da Ucrânia, na Rússia de Kiev).
Sem dúvidas, esta é uma obra imperdível para os fãs de um bom power metal sinfónico, com uns toques identitários mais proeminentes. Aguardemos para ver o que a banda tem preparado para o futuro.
Ficha técnica
Data de lançamento: 1 de agosto de 2018
Editora discográfica: Independente
Créditos:
Alexander Palyushkevich (vocalista)
Ivan Matkovsky (guitarrista)
Ruslan Komavor (baixista, mixagem e masterização)
Liza Kim (teclista, mixagem e masterização)
Alexander Shevchenko (baterista)
Alexander Furduy (fotografia)
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