domingo, 9 de abril de 2023

Crítica #10 - Enemy of Reality - Where Truth May Lie

Recentemente, a banda grega Enemy of Reality apresentou-nos o seu terceiro álbum de estúdio, intitulado de Where Truth May Lie. Além do curioso paradoxo linguístico que este nome lança, ele recorda-nos, também, de que deveremos realçar, enquanto um facto verídico, que este álbum é uma obra verdadeiramente (redundância deliberada) magnífica. Do início ao fim, este disco promete lançar-nos não só numa jornada sonora, mas também numa autêntica experiência musical imersiva, pela firmeza, imponência e clareza da sua música e pela inclusão de variadíssimos elementos de diversos contextos musicais ao longo do disco.

Nem a epopeica introdução cinemática que dá incepção ao disco nos prepara para a tamanha dimensão da surpresa que o ouvinte tem ao longo do seu percurso auditivo. Mas transmite logo a ideia de que se assoma algo de uma impressionante grandiosidade. E esta sensação não se revela incorreta, mas incompleta, pois a pujança e a magnificência que caracterizam a música dos Enemy of Reality é de tão elevado requinte que nos encontramos num estado de quase perpétua admiração.

Isto, primordialmente, pela inesgotável criatividade dos músicos que compõem a banda. Todas as faixas do álbum são surpreendentes, pela sua exímia qualidade musical e pelo gracioso casamento entre inspirações e elementos musicais diversificados, com o nosso adorado metal sinfónico. Desde elementos característicos de música folclórica helénica, asiática, do Médio Oriente, música medieval e gótica e até mesmo alguns salpicos de metal mais pesado, tanto nos vocais agressivos que acompanham algumas faixas, como Ever Lusting, assim como por uma onda instrumentalmente mais thrash, como por exemplo, em Baptised in Fire. É também recheado de diversos toques mais progressivos e outros efeitos sonoros mais modernos, numa eclética conjugação entre o tradicional e folclórico e o mais contemporâneo.

Não só o aspeto criativo que merece o devido destaque, mas também a inquestionável proficiência dos músicos da banda, unidos num esforço coletivo de preparar um trabalho absolutamente fenomenal e apaixonante, com o máximo de carinho e profissionalismo. E, apesar de estarmos a falar de músicas com uma sonoridade ainda consideravelmente distinta umas das outras, não existe qualquer vacilo ou exagero na composição das mesmas, aliás, todas elas estão perfeitamente concebidas. Estas inovações abrem novos horizontes musicais que a banda consegue habilmente explorar em seu favor, gerando uma experiência musical riquíssima e altamente cativante, que, conforme mencionámos, nunca deixa de nos despertar a surpresa e o espanto, pelos melhores motivos possíveis.

E se estas cantigas diferem entre si de forma tão evidente, existe, não obstante, um elemento unificador e identitário nelas, que é o canto da vocalista Iliana Tsakiraki. A sua voz é absolutamente fascinante e incrível, tão bela e assumindo também diferentes modalidades de canto ao longo do disco: desde momentos operáticos, a um cantar limpo mais regular e a outras entoações vocais que nos encantam totalmente. Ela simplesmente faz maravilhas com a sua voz, contribuindo também para adoçar e enriquecer imenso a atmosfera que se gera em cada música, como o seu elemento de maior foco.

E assim, apesar da sua hodiernidade, Where Truth May Lie converte-se num autêntico marco no universo do metal sinfónico, conforme os Enemy of Reality merecem ser reconhecidos. Sem dúvida, um álbum munido do máximo possível de qualidade e profissionalismo artístico.


Ficha técnica

Data de lançamento: 24 de fevereiro de 2023

Editora discográfica: Independente

Faixas:

-Final Prayer (2:31)

-Downfall (4:13)

-At the Edge of Madness (4:04)

The Vineyard Song (3:36)

-Serenade of Death (4:14)

-Ever Lusting (3:43)

-Tears of Echo (3:54)

-Long Forgotten (4:24)

-Deliverance (3:41)

-Goat-Legged Deceiver (4:25)

-Baptised in Fire (5:13)


Créditos:

Iliana Tsakiraki (vocalista)

Stylianos "Steelianos" Amoiridis (guitarrista)

Thanos (baixista)

Philip Stone (baterista)

Aggelos Vafeiadis (gravação, produção e mixagem)

Michalis Skarakis (gravação, produção e mixagem)

Nasos Nomikos (masterização)

Thoth Graphics (ilustração da capa)


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