A música deste álbum do Longfulness é primordialmente instrumental. Salvo por umas breves e quase silenciosas vocalizações sussurradas, que se assumem mais como um elemento sonoro do que propriamente um cantar. Trata-se de um doom metal melódico com um grande enfoque na ambiência que os instrumentos geram, em especial, o piano e a guitarra, acompanhados, consistentemente, pelos efeitos sonoros atmosféricos, que se convertem num panorama de fundo, onde a ação musical se vai desenrolando. Contando também com prolongadas secções acústicas. Esta focalização nos instrumentos traduz-se numa relativa liberdade de abordagem na composição, que se desdobra, não com um ênfase de música progressiva, mas numa prolongação mais natural e fluída.
É um álbum em que as músicas se fazem traduzir na miríade de sensações que nos invocam. Como um autêntico epicédio, surgem-nos sensações de tristeza, de lugubridade, solidão, saudade; mas, ao mesmo tempo, de uma aparente sensação de alívio, ou de intensa confusão mental, de ausência de esperança, de um zénite de melancolia. Mas que se faz acender em criatividade artística. Como se a tristeza fosse um combustível para o desenvolvimento desta produção musical. Embora também possamos associar o desdobramento das cantigas individuais a uma epifania positiva, como se da transição de uma fase de mal-estar para uma de boa vivência se tratasse. Julgamos que a interpretação dependerá do ouvinte.
A música faz-nos pensar num ambiente sombrio, frio de desconsolo e de inconformismo interno. Consiste num processo constante de reanimação das nossas sensibilidades, como se a música fosse uma ponte de empatia emocional com o seu autor. E que, embora não saibamos o que possa ter feito parte dos seus pensamentos, durante a composição do álbum, nós facilmente conseguimos rever-nos e refletir na obra de outrem aquilo que também de emocional nos diz respeito.
Do início ao fim, este álbum surge como uma carruagem infindável de avivamento sentimental, que não poderia ter sido melhor executado sem o requinte e talento musical dos integrantes da banda. Esta musicalidade traduz-se numa tão pura e crua sensação de languidez, mas é também nesses trâmites que se revela uma profunda genuinidade nestas composições. Na transladação artística de algo que todos nós sentimos e que, apesar de ser algo que de certo que não gostemos de presenciar, faz-se florescer numa experiência musical prazerosa.
Ficha técnica
Data de lançamento: 6 de junho de 2013
Editora discográfica: Independente
Faixas:
-Lamentations in Nourishment (7:31)
-Restlessness (8:14)
-Forever Endeavour (9:42)
-A Portrait of Forgetfulness (2:41)
-Disillusionment (9:51)
-My Own Vision of Paradise (9:44)
-Simple Unpretentious Elegance of Solitude... (10:05)
Créditos:
Husain Shargi (vocalista e instrumentista)
Richard Campbell (mixagem, masterização e produtor [bateria e teclado])
Cameron Gray (ilustração da capa)
Moh'd Salim (logótipo e informação do álbum)
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